As divinas gerações

     

De todas as lendas que sustentam os fundamentalismos cristãos, talvez nenhuma seja mais infundada – e por certo nenhuma é mais útil – do que a ideia de que há um único modo de se ler e de se entender a Bíblia, um modo de interpretação que permaneceu inalterado ao longo dos milênios e que corre nos nossos dias o risco de ser miseravelmente derrubado pelas licenciosidades interpretativas e morais dos liberais.
Reza a lenda que esse método fechado de interpretação – e usam-se para descrever sua autoridade palavras fortes como “literal” e “inerrante” – é eterno, fora do tempo e inteiramente impermeável às variações da história. Desse modo, a lenda exige que Lutero interpretou a tradição bíblica da mesma forma que Paulo, que a interpretou da mesma forma que Jesus, que a interpretou da mesma forma que Esdras, que a interpretou da mesma forma que Isaías, que a interpretou da mesma forma que Davi, que a interpretou da mesma forma que Moisés, que a interpretou da mesma forma que Abraão.

A ortodoxia não pode existir sem a lenda de uma exegese fora do tempo, porque quando diz que a Bíblia é a inerrante Palavra de Deus o fundamentalista não está dizendo apenas que o texto bíblico é eterno e imutável, mas também, e em especial, a sua interpretação. Para que a própria ideia de fundamentalismo faça sentido, a história e suas novidades devem se manter inteiramente incapazes de lançar novas luzes hermenêuticas sobre a letra da revelação. Qualquer possibilidade de interpretar-se a Bíblia a partir da nossa presente condição deve ser encarada como insidiosa tentação, pelo que a única interpretação autorizada deve necessariamente ter sido definida, sem margem de manobra, não só quando nós mesmos entramos em cena, mas desde sempre.

O fundamentalista, portanto, não é quem lê a Bíblia literalmente, mas quem não consegue enxergar qualquer diferença entre a Escritura e a sua compreensão pessoal dela. Na prática, trata-se de alguém apaixonado não pela inerrância de um texto sagrado, mas pela inerrância da sua própria interpretação. E, como não quer ter de reconhecer que sua leitura é tão seletiva e historicamente condicionada quanto qualquer outra, o fundamentalista precisa batalhar ostensivamente para que não apenas o texto, mas também sua interpretação autorizada se mantenham inalterados diante de novos contextos.

O problema com essa noção de uma interpretação bíblica que permaneceu inerrante e imutável ao longo dos séculos, inteiramente imune às influências dos fatos novos e da passagem do tempo, é que ela é espetacularmente negada não só pela história, mas pela própria narrativa bíblica.
O que impulsiona o drama da revelação na Bíblia são precisamente os modos através dos quais as novas perspectivas sociais e históricas constrangem os israelitas e seus herdeiros a retrabalhar e reinterpretar um corpo antigo e mais ou menos fixo de tradições bíblicas, de modo a encontrar nele novos significados e novos desafios à luz desconcertante do momento presente.

Nesse sentido, a Bíblia não é o registro da realidade eterna dos feitos divinos, mas a história das reformulações da imagem divina que os homens se viram forçados a fazer diante da realidade cambiante dos fatos. Não é a descrição de um Deus imutável, mas a descrição progressiva e cumulativa das feições divinas que os homens creram que o próprio Deus ia revelando a partir dos indícios da história.
É a própria Bíblia, portanto, que nos ensina que novas circunstâncias não apenas permitem, mas requerem novas interpretações de um mesmo corpo de tradições bíblicas. Os cronistas, os salmistas, os profetas, Jesus e Paulo (bem como os que foram registrando as suas histórias) – todos esses propuseram interpretações das tradições bíblicas que se distanciavam sensivelmente do ensino da ortodoxia da sua época. E, muito declaradamente, não o fizeram movidos por outra coisa que não a perspectiva privilegiada que sua posição na linha do tempo concedia a cada um. O testemunho coletivo dessas vozes intra-bíblicas é que as revoluções da história fornecem chaves de interpretação que quem deseja aproximar-se da divina herança não se pode dar ao luxo de ignorar.

Os eventos que influenciaram e alteraram a interpretação das tradições judaico-cristãs dentro do intervalo em que o cânone da Bíblia foi composto incluem, só para citar os mais importantes:
  • o estabelecimento em Davi e Salomão de uma monarquia unificada, dotada de um local centralizado de adoração e de um sacerdócio especializado. A ascensão da monarquia acabou abafando as ênfases anárquicas e num governo descentralizado que parecem ter prevalecido nas tradições mais antigas – como atestam, por exemplo, muitos trechos do Pentateuco e todo o livro de Juízes. Um testemunho sobrevivente da hesitação que predominava anteriormente com relação à monarquia aparece no discurso de divina advertência em 1 Samuel 8. A história de Israel até o momento da ascensão da monarquia e do sacerdócio centralizado teve de ser literalmente reescrita (isto é, reinterpretada) à luz da nova forma de governo. Para uma comparação entre tradições e interpretações por vezes abertamente antagônicas, é sempre útil contrastar os livros de Samuel e de Reis à narrativa de Crônicas.
  • a destruição do reino do Norte pelos assírios (em 721 a.C.) e mais tarde (em 587 a. C.) a destruição de Jerusalém e a dissolução do reino do Sul pelos babilônios, com a consequente vida nacional no exílio. As invasões dos assírios e a destruição do reino do Norte fizeram com que as antigas tradições fossem reinterpretadas como favorecendo a tribo de Judá, berço do reino sobrevivente. Porém as expectativas de um “trono eterno” para a linhagem de Davi foram demolidas juntamente com o Templo um século e meio depois. Vivendo na diáspora, os exilados de Judá viram-se obrigados a rever suas noções estabelecidas sobre misericórdia, fidelidade e soberania divinas. Longe da pátria e impedidos pela falta do Templo de continuar oferecendo os sacrifícios prescritos pela Lei, acabaram concluindo que haviam em grande parte interpretado erroneamente a letra do Pentateuco. As novas circunstâncias levaram-nos a entender que uma rígida religiosidade exterior não era o que Deus valorizava ou requeria de Israel em primeiro lugar, mas sim uma postura de misericórdia e um coração contrito. Nessa releitura das antigas tradições consiste o bojo da proclamação dos profetas.
  • a conquista do Oriente Médio por Alexandre, o Grande, e a resultante helenização das regiões em que viviam os judeus. Os judeus no exílio tiveram de aprender a manter a identidade nacional/religiosa diante da competição das culturas em que estavam inseridos, e foram nisso notavelmente bem sucedidos. Porém a cultura grega, que tomou conta do mundo conhecido a partir das vitórias de Alexandre, mostrou-se eloquente e cativante demais para ser evitada indefinidamente. Logo as ideias dos gregos estavam influenciando o modo como os judeus liam seus próprios textos e pesavam sua própria herança. Essa influência acabou remodelando a tradição bíblica de muitas formas. Em primeiro lugar, a Bíblia hebraica foi traduzida – isto é, reinterpretada, visto que traduzir é interpretar – para a língua grega. Quando citam a Bíblia hebraica, os autores do Novo Testamento (que escreviam em grego) fazem uso dessas versões e das interpretações que elas trazem embutidas em si. Segundo, muitos intérpretes judeus (dos quais o mais ilustre foi Fílon de Alexandria) procuraram conciliar as tradições judaicas com a filosofia grega, aplicando ao mesmo tempo os métodos de interpretação dos pensadores gregos aos seus próprios textos sagrados. Finalmente, a ênfase grega no indivíduo parece ter influenciado diretamente a composição e a teologia da terceira porção da Bíblia hebraica, em que a devoção nacional e coletiva (que prevalecia nos textos mais antigos) é substituída pela relação pessoal do adorador para com o seu Deus.
  • o ministério e a morte de Jesus de Nazaré. Levando a um novo extremo a herança subversiva dos profetas que o precederam, Jesus propôs uma radical reinterpretação das tradições do Antigo Testamento. Para Jesus, a vitória do Deus de Israel sobre seus competidores nada tinha dos êxitos políticos, econômicos e militares que os judeus vinham sonhando para o seu futuro. O iminente reino de Deus deveria representar uma reformulação intransigente e universal do espírito humano, uma revolução de beleza, cavalheirismo e graça que evitaria todas as armadilhas dos sistemas de poder e de manipulação que governam este mundo. Frases como “vocês ouviram o que foi dito… eu porém digo a vocês…” e “não vim anular, mas cumprir” apenas atestam que era de modo muito consciente que Jesus vinha propor a completa reformulação da posição sobre Deus, justiça, nação, valor e identidade que prevalecia na ortodoxia dos seus dias. A vida frugal, o ensino subversivo e a morte prematura de Jesus levaram os primeiros cristãos a reavaliar por completo o que pensavam que o Antigo Testamento dizia sobre a pessoa e a obra do Messias – bem como sobre todos os sonhos de Deus para a humanidade.
  • o ministério e os escritos do apóstolo Paulo. Paulo entendeu mais e antes do que qualquer outro que a singularidade da pessoa e da obra de Jesus representavam um convite à transformação não apenas da nação judaica, mas do mundo inteiro. Ele dedicou a vida à dupla tarefa de divulgar a boa nova império adentro e de vasculhar as tradições bíblicas em busca de confirmação para seu parecer sobre a primazia de Jesus e sobre a natureza de seu próprio ministério. Paulo foi o primeiro a ousar reinterpretar a Bíblia inteira à luz da pessoa de Jesus, e o que encontrou deixou maravilhadas gerações de leitores.
A Bíblia contém em si mesma, portanto, numerosos precedentes para a reinterpretação da natureza da revelação à luz de novas circunstâncias históricas. Como epitomado na postura de Jesus, essas novas leituras não requerem a invalidação da autoridade das antigas tradições; o que pedem é uma nova e generosa reavaliação das implicações dessas tradições para os desafios e particularidades do momento presente.
Essa variedade nas cores da exegese intra-bíblica demonstra que a própria Bíblia não ignora que é da condição humana interpretar as tradições que respeitamos de um modo que faça mais sentido dentro de nossa própria perspectiva histórica e conceitual. Seu testemunho é que não há um modo único e “literal” de se entender a significância do legado bíblico. E mais: quando feito de mente aberta e com um coração compassivo, interpretar-se as antigas tradições à luz das demandas do presente pode nos proporcionar uma visão mais clara a respeito de Deus, não uma visão deturpada ou desrespeitosa.


E que a interpretação da Bíblia não se manteve estática depois que o cânone estava concluído a história dá testemunho mais do que abundante. Alguns dos eventos que representaram gatilhos para profundas reinterpretações das tradições bíblicas:
  • a destruição de Jerusalém e de seu Templo, em 70 d.C., resultado da revolta dos judeus contra a ocupação romana;
  • a perseguição romana contra os cristãos;
  • o fato de que o cristianismo foi se tornando um movimento predominantemente gentio, acompanhado de um crescente rancor contra os judeus dentro do movimento;
  • a promulgação do cristianismo como religião legal do império romano, pela mão do imperador Constantino;
  • os concílios cristãos e o fechamento do cânone;
  • a cisão entre o cristianismo ocidental e o oriental;
  • a Reforma e Contra-Reforma;
  • a difusão do pensamento racionalista e materialista e as revoluções científica e industrial;
  • o Holocausto dos judeus europeus pela mão dos nazistas;
  • a secularização definitiva da cultura no século XX e os ventos da pós-modernidade no terceiro milênio.
A análise dessas e outras instâncias demonstra que o conceito de uma interpretação bíblica que permaneceu estática, isenta e inalterável ao longo dos milênios, até os nossos dias, é na melhor das hipóteses equivocado – e, na pior, mentiroso.

O estudo desses exemplos ajuda a provar ainda que interpretar a Bíblia a partir da nossa perspectiva histórica pode, em muitos casos, significar simplesmente interpretar a Bíblia em nosso próprio favor. Essa narrativa (que também é a nossa) demonstra que a exegese bíblica pode ser usada como ferramenta arbitrária de dominação, de divisão e de exclusão.

Restam porém os casos (como o de Jesus e o dos profetas) em que a reinterpretação das tradições bíblicas à luz do momento presente promove uma noção mais avançada e madura de Deus, resultando numa relação mais saudável entre os homens. O que essas instâncias positivas têm em comum é que o Deus descrito por elas é sempre mais misericordioso e menos tribal, mais inclusivo e menos vingativo do que a figura divina que prevalecia anteriormente. As interpretações que fazem a revelação avançar falam de um Deus cada vez menos obcecado com a justiça e cada vez mais obcecado com o amor. Falam, numa palavra, de um Deus maior: o Deus que já gostamos de chamar de criador mas que preferiu ser chamado de Pai.

E ninguém soube falar dessas coisas com mais intimidade do que Jesus. Como indicado por ele, um Deus maior não é o requer mais amor para si, mas o que espera mais amor entre os homens. Um mundo mais justo não é aquele em que Deus pode exercer sem impedimentos o seu poder, mas um mundo em que os homens renunciem em favor uns dos outros à busca insensata pelo poder. Fiel não é quem pede a Deus misericórdia sobre si mesmo, mas quem concede misericórdia aos outros.

* * *

Se não deve haver dúvida de que a interpretação bíblica não permanece estática, mas é renovada pela perspectiva de cada época (e, num certo sentido, de cada leitor), cada um permanece livre para reagir como quiser diante dessa notícia. Para alguns, essa contínua reformulação é clara indicação de que cada época acaba criando o seu Deus à sua própria imagem e semelhança. Para outros, é indicação de que o da Bíblia não é o Deus fora do tempo dos filósofos e dos sábios, mas o Deus de Abraão, Isaque e Jacó – o Deus que se revela no calor da história.

Talvez, como fazia Jesus, seja necessário renovar continuamente a crença de que a divindade continua trabalhando: de que não concluiu a sua criação e permanece se des-cobrindo como cada vez maior e mais ambicioso – na prática, um Deus cada vez mais invisível, mais recatado e mais indistinguível do exercício da mais simples e ardente humanidade.


Este texto foi escrito pelo Paulo Brabo do Bacia das Almas, clique e faça uma visita ao blog dele ^^

O Jesus terreno e o Cristo extraterrestre


Por Paulo Brabo


O primeiro capítulo do livro de Atos dos Apóstolos narra uma das separações mais dramáticas da história, a ascensão de Jesus ao céu diante dos olhos marejados e perplexos de seus discípulos. A cena inspirou artistas plásticos e poetas ao longo de dois milênios; no que me diz respeito sua encarnação mais notável é a seqüência final de E.T., o Extraterrestre (Steven Spielberg, 1982), em que Elliott e seus familiares, embalados por uma fantástica brisa sublunar e pela trilha sonora espetacular de John Williams, observam a nave de E.T. desaparecer no céu estrelado deixando um rastro que é um arco-íris quase horizontal.

Steven Spielberg já deixou muito claro que E.T. não deve voltar à terra numa continuação, e esperemos que fale sério; Jesus, ao contrário, assegurou aos seus fãs que retornaria. Quando se leva em conta que Atos é uma Parte 2, uma declarada continuação do evangelho de Lucas, deve ficar claro que trata-se de uma continuação cuja dramaticidade é imediatamente prejudicada pela ausência do protagonista da Parte 1. É como se Spielberg resolvesse filmar uma continuação de E.T. em que o próprio E.T. não aparecesse na tela em momento algum. Poderia ser até um grande filme, mas muita gente sairia do cinema sentindo-se traída; a expectativa de um fã/seguidor é ver a tela cheia com o rosto familiar do protagonista – ou contar pelo menos com o consolo de saber que seu nome não está sendo usado em vão numa continuação que nada tem a ver com ele.

O momento mais importante da narrativa é portanto este, o da seminal cisão na experiência da humanidade com Jesus. “E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos.” Terminara visivelmente a era do Jesus terreno e começava uma inconcebível outra, em que o Filho do Homem angariaria uma nova fama e um novo nome. Os protagonistas do livro de Atos teriam de conviver, pela primeira vez, com a idéia e com as implicações de um Cristo extraterrestre.

Em termos históricos, o Jesus terreno é o indomável rabi de pés empoeirados que contava histórias cheias de ironia, bebia com agiotas e tinha os pés massageados por prostitutas. É o homem que desdobrava bem-aventuranças, dizia que os pecadores são gente mais notável do que os carolas e ensinava que para serem dignos de Deus (“filhos de Deus”, ele dizia) seus seguidores deveriam amar os seus inimigos e emprestar sem esperar receber de volta. O homem muito real que comia, chorava, abraçava, dormia, pedia água, sangrava e morreu.

O Cristo extraterrestre é o Jesus ressurreto e coroado de glória, ausente em pessoa porque está presente no céu, sentado no lugar de absoluta honra à direita de Deus. É o Jesus dos hinos de Paulo, o Adão que deu certo, o irmão mais velho de uma nova e afortunada geração, o admirável Senhor em quem reside, vertiginosamente, “toda a plenitude”. É o Verbo cósmico de volta ao seio da divindade; é o Messias sofredor em sua nova carreira de Rei da Glória. O Cristo extraterrestre é o Jesus de todas as teologias tradicionais: o grande Salvador, o grande Senhor, o grande e terrível Unigênito de Deus. É o interventor que intercede constantemente em favor da justiça, o Filho que merece a admiração incessante do Pai (e portanto do universo), o juiz que aguarda impaciente o momento de retribuir, o derramador de graça em nome de quem são feitas todas as orações. É um homem espiritual, e os teólogos não estão certos sobre se restam em seu corpo espiritual cicatrizes da terra.

A partir deste ponto, como veremos, a narrativa de Atos (e na verdade todo o restante do Novo Testamento) só terá aparentemente olhos e ouvidos para o Jesus extraterrestre, o Cristo ressurreto. Se digo “aparentemente” é porque espero que quando os testemunhos forem devidamente ouvidos não seja realmente assim. Se o Jesus terreno era o sujeito notável que penso que era, deve ser possível encontrar traços de sua radioatividade nas aventuras posteriores dos seguidores do Cristo extraterrestre.

Porém, neste momento da nossa própria narrativa pessoal, estabelecer a distinção entre o Jesus terreno e o Cristo extraterrestre pode ser relevante por mais de um motivo.

Em primeiro lugar, analisar essa distinção é importante porque, embora o Cristo extraterrestre esteja longe de ser unanimidade, o Jesus terreno conta com a admiração de praticamente todo mundo. Ateus, agnósticos, muçulmanos, hindus, judeus e ideólogos de todas as estirpes, mesmo quando demonstram repugnância diante da história da igreja ou da idéia da divindade de Cristo, estarão em grande parte dispostos a admitir a singularidade e a relevância do Jesus terreno. Mesmo quem recusa-se com convicção a ajoelhar-se diante do Deus Filho acaba dobrando-se voluntariamente diante do Filho do Homem.

É incrível reconhecer que o Jesus da narrativa dos evangelhos, o Jesus anterior a qualquer teologia, angariou irresistivelmente (e continua angariando) a admiração de gente que não via nada de particularmente admirável no cristianismo institucional. Agnósticos convictos como H. G. Wells, salvadores da humanidade como Gandhi, miseráveis como Tolstoi, teimosos como Nietzsche e pensadores radicais como Wilhelm Reich – todos esses críticos empedernidos do cristianismo – deixaram singelo testemunho de sua admiração pelo Jesus dos evangelhos: alguns ao ponto de se considerarem seguidores dele.

Vê-se portanto, que a cisão entre o Jesus da terra e o do céu deixou uma fratura histórica que ziguezagueou obedientemente até a nossa porta. A rachadura ainda divide o mundo. Grosso modo, os cristãos sentem repugnância pelo mundo e atração pelo Cristo extraterrestre; o mundo sente atração pelo Jesus terreno e repugnância pelos cristãos.

O que me interessa em especial é determinar por que os cristãos, historicamente falando, abraçaram com convicção o Jesus “espiritual” da teologia e relegaram a um distante segundo plano o Jesus de carne e osso e suas impensáveis exigências. Parte da resposta, obviamente, acabo de dar.

Essa obsessão dos cristãos com o Cristo extraterrestre é o segundo motivo pelo qual creio que a questão precisa ser resolvida ou pelo menos adequadamente equacionada. Quando e de que modo ficou determinada a “vitória” final do Cristo ressurreto sobre o Jesus de carne?

Que sua vitória foi esmagadora não espero que ninguém ouse negar. Quando pensam em Jesus – dizendo melhor, quando pensam num Jesus relevante para o momento presente – os cristãos pensam inevitavelmente no Cristo extraterrestre. É diante dele que despejam suas súplicas e suas reclamações; é sua companhia que almejam e seu conforto que esperam; é a ele que adoram e é no seu esplendor que entrevêem a glória do próprio Deus. É sua voz que esperam ouvir.

O Jesus de carne e osso dos evangelhos (sua postura, sua companhia, suas ironias, suas lealdades) é visto secretamente como manifestação embaraçosa do insondável senso de humor divino. Ao mesmo tempo esse Jesus terreno é publicamente respeitado como honroso precursor, um segundo João Batista cuja função era preparar o terreno para a chegada do novo e aprimorado Jesus da glória. O rabi da Galiléia é visto como um ponto provisório do trajeto, não o Caminho em si.

Devidamente orientados pelos que interpretaram a narrativa para nós, os cristãos aprenderam a não procurar Jesus na terra. Procuramo-lo incessantemente no céu, que é o seu ambiente.

Como fulcro desse escândalo todo, o testemunho do livro de Atos deve ser considerado importante, talvez vital. Aqui estão as vozes e as vidas da única geração para a qual esses dois adversários, o Jesus terreno e o Cristo extraterrestre, eram uma mesma e espantosa pessoa. Esses seus seguidores, que tinham ouvido do Jesus terreno que não se pode servir a dois senhores, teriam que determinar em pouco tempo sobre quem deitariam as suas lealdades.

E a primeira voz divina que ouviram, enquanto ainda olhavam assombrados para a nuvem que ocultara deles o seu Jesus, explicou-lhes que Jesus não deveria ser procurado no céu.

Criticar e pensar !

 
por William V. F. Lima

Antes de falar sobre criticar tem alguns tipos de "criticadores" (posso chamar assim? xD) que eu gostaria de compartilhar:

Mórbidos: É o tipo de pessoa que só sabe criticar, mesmo quando não há nenhum motivo pra criticar ela o faz por esporte :D
Respondões: Mal a pessoa começa a falar e ela já tem uma justificativa na ponta da língua
Hipócritas: Na frente dos outros fala “Não podemos criticar porque é pecado!”, por trás critica que é uma beleza...
Sinceros: Por mais que tente segurar acaba falando o que realmente pensa e criticas acabam saindo naturalmente ^^
Mansos: Faz uma critica aqui outra ali, mas sempre de leve pra que a outra pessoa não tente revidar e lhe encha de críticas...

Bom, existem outros tipos que você também deve conhecer, mas o fato é que muitas vezes nós pegamos um pouco de cada tipo e juntamos em um só; Queremos criticar, mas não queremos ouvir críticas...  Mas pensando nisso, se não queremos receber críticas então não devemos criticar não é mesmo? Mas como vamos crescer se sempre tudo está bom e ninguém nunca fala nada, pensem com seríamos sem nosso senso crítico. Exemplo:

Imagine-se numa situação onde o seu filho(a) lhe pergunta “- Papai (ou Mamãe xD) o que você acha do fulano de tal que traiu sua esposa?”
Obviamente não estou falando de fofocas é só um exemplo onde realmente o fulano de tal pulou a cerca. O que você responderia a ele(a)?

Podemos pensar em várias coisas como “ele vai pro inferno”, ou mesmo “Que grande infeliz ela era uma boa pessoa”, mas primeiro devemos pensar que tipo de crítica vamos fazer; Se não gostamos daquela pessoa provavelmente seríamos tendenciosos e já rasgaríamos o verbo dizendo ”-Eu sabia, não falei pra too mundo que ele não prestava?”, mas pensemos; Isso ajudaria em alguma coisa? Então o seu filho aprenderia que toda vez que alguém faz algo de errado ele(a) deveria rasgar o verbo e falar o que lhe viesse a cabeça primeiro sem nem pensar? Isso seria ruim, pois no momento em que ele errasse também receberia da mesma forma e talvez não suportasse a situação...

Mas poderíamos também ser indiferentes: “Não vou falar nada porque não quero julgar”. Agora sim vemos um pensamento bastante conhecido, a maioria esmagadora de pessoas que pronunciam frases parecidas a essa tem embasamento no texto de Mateus onde Jesus fala “Não julgueis pois serás julgados”.  O maior problema é que muitos de nós usamos erroneamente este texto e nos tornamos extremamente tolerantes e é exatamente isso que Deus não quer... Tem um artigo muito bem escrito no “A Espada do Espírito” que recomento a todos que leiam: “O Que a Bíblia Realmente Ensina Sobre Julgar os Outros” .

Não vou analisar o texto e sim utilizar este exemplo para mostrar que a extrema tolerância nos torna indiferente. Como educar um filho(a) se nem mesmo você tem uma posição sobre determinados assuntos? Como poder aconselhar um amigo(a) sem ter uma posição definida? A indiferença só nos faria estagnar nossas vidas numa exaltação a nosso ego, afinal se ninguém te critica é porque tudo está bom não é mesmo? Rsrs.
Mas a posição que eu tenho e desejo compartilhar com todos que lerem este artigo é esta:
Se quisermos criticar devemos pensar bem antes de fazer isto, devemos pensar como falar daquela pessoa ou grupo de pessoas ou mesmo como falar a elas pessoalmente...

E nunca é tarde pra lembrar que devemos amar ao próximo como a si mesmo, temos que falar com amor e não por um simples desejo de alfinetar alguém. Se vamos criticar que o façamos com o total intuito de ajudar e não fazer o criticado tropeçar...

Antes de criticar devemos saber ouvir criticar e também usar elas para crescer, claro que muitas críticas só virão com o objetivo de te deixar pra baixo com a intenção de te fazer tropeçar, mas outras virão com o objetivo de te fazer crescer... Como discernir isso? Apenas pensando e fazendo uma reflexão de sua vida.
Muitas vezes pedimos a Deus que nos ajude a ver os erros que cometemos, mas não vemos, porém ao recebermos uma crítica exatamente do que erro que cometemos, já tratamos de revidar e fechar nossas mentes, esquecendo que pedimos à Deus várias vezes em nossas vidas! Se você pede a Deus algo sempre esteja pronto para provações, ninguém disse que negar a si mesmo e seguir a Cristo seria algo fácil, muito pelo contrário!

Se você sabe ouvir as críticas então saberá criticar, obviamente que muitas pessoas podem entender sua crítica como uma ofensa, mas sempre antes de ir para a “batalha” nós devemos consultar a Deus se ele aprova ou não nossa posição sobre o assunto. Se deixarmos Deus decidir mais do que nós não tropeçaríamos tanto!

 Finalizando criticar é algo difícil para quem tem o desejo de amar, mas não podemos deixar de fazê-lo se queremos crescer e ajudar os outros a crescer também, afinal, se você vê alguém indo em direção do penhasco convicto de que não irá cair, você não o alertaria do perigo?

Pense nisso ;) Comente e não deixe de criticar rsrs

Antes que o galo cante!

 
por Hermes C. Fernandes
http://www.genizahvirtual.com/


“Qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do homem...”Lucas 9:26a

“Não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus...” Romanos 1:16a

Há duas maneiras de negar a Jesus.

A primeira é envergonhando-se d’Ele, como fez Pedro no pátio do Templo, enquanto se aquecia ao redor de uma fogueira à espera do veredicto que condenaria Jesus (Lc.22).

Preocupado em salvar a própria pele, por três vezes Pedro negou conhecer seu Mestre. O canto do galo foi o despertador usado por Deus para chamar a sua atenção. Não foi por falta de aviso. Mas a pressão psicológica a que Pedro estava sendo submetido era tamanha, que ele sequer se lembrou da advertência de Jesus.

Quantas vezes temos nos envergonhado de Jesus? Infelizmente, nem sempre temos um galo por perto para despertar nossa consciência. Porém, há situações que nos servem como despertadores. Circunstâncias adversas, decepções, e até tragédias, chegam em hora oportuna. Mas nem sempre conseguem chamar nossa atenção.

O que mais incomodou Pedro não foi o canto do galo, mas o olhar penetrante de Jesus. Foi aquele olhar desapontado que fez com que Pedro chorasse amargamente por toda a noite.

Ah se tivéssemos consciência de que o olhar do Senhor está constantemente sobre nós!

Aquele que não Se envergonha de nos chamar de irmãos, não merece que nos envergonhemos d’Ele (Hb.2:11).

A segunda maneira de negá-Lo é envergonhando-O diante dos homens.

Paulo denuncia aqueles que “professam conhecer a Deus, mas negam-no pelas suas obras, sendo abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra” (Tt.1:16).

É difícil dizer o que é pior, envergonhar-se d’Ele ou envergonhar a Ele.

Não adianta confessá-Lo perante os homens, e negá-Lo com nossas obras. Talvez fosse melhor que não O confessássemos, do que nos declararmos cristãos e vivermos como ímpios.

Judas não negou que O conhecia. Entretanto, usou tal conhecimento para entregá-lo aos seus inimigos. Judas não O negou com suas palavras, mas O negou com suas obras.

Todos, em algum momento, somos tentados a negar Jesus. Quer seja por vergonha de nos identificarmos como Seus seguidores, quer seja por atitudes que denigrem a nossa fé.

Como evitar que neguemos a Cristo?

Só há uma maneira de evitar: negando a nós mesmos.

Jesus disse: “…Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me” (Mc.8:34).

Se não negarmos a nós mesmos, eventualmente negaremos Aquele que nos resgatou (2 Pe.2:1). Negar a si mesmo é dizer não à sua própria vontade, é abrir mão de direitos, é não pleitear a própria causa. Quem nega a si mesmo já não faz questão de coisa alguma. Parafraseando Paulo, estamos crucificados com Cristo. Desistimos de nossa própria vida, para que Cristo viva Sua vida através de nós.

Nos envergonhamos de nossa justiça própria, pra nos gloriar na Justiça que vem do alto.

Negar a si mesmo é renunciar a tudo em nome da única coisa de que não podemos abrir mão: Cristo. O que antes reputávamos como lucro, agora consideramos perda.

De tudo de que devemos abrir mão, o mais difícil é a justiça própria.

Podemos desistir de um projeto pessoal em nome de algo mais nobre. Podemos renunciar títulos, conforto material, fama, mas dificilmente nos dispomos a renunciar nossa justiça própria.

Queremos sempre ter a razão em tudo. Basta que sejamos injustiçados, e logo recorremos a esse senso de justiça própria. Somos eternas vítimas.

Vítimas do sistema, vítimas de perseguição, vítimas dos falsos amigos, etc.

Se não renunciarmos nossa justiça, não desfrutaremos da justiça de Cristo.

Se não nos negarmos a nós mesmos, negaremos a Cristo.

Se pleitearmos nossas causas, estaremos dispensando a atuação de nosso advogado, Jesus.
Paulo entendeu isso perfeitamente, e por isso, escreveu:

“Mas o que para mim era lucro, considerei-o perda por causa de Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo, e seja achado nele, não tendo justiça própria...” (Fp.3:7-9a).

Em vez de nos preocuparmos com nossa reputação, nos preocupamos com nosso testemunho. Em vez de nos preocuparmos com a aquisição e manutenção de bens materiais, nos preocupamos em repartir o que temos com os que nada têm.

Simplesmente, morremos. Sim, morremos para nossas pretensões. Já não há causas a defender, senão a causa do Reino de Deus e da Sua justiça.

Fuja da gaiola dos aproveitadores da fé!

por Hermes C. Fernandes

É triste constatar que há muitos tirando proveito do rebanho de Deus. Usam da credulidade do povo para alcançar seus fins, nem sempre louváveis. Fazem promessas mirabolantes, que jamais poderão cumprir. Loteiam o céu, e vendem o que jamais podem entregar. Pedro denuncia os tais que prometem “liberdade, sendo eles mesmos escravos da corrupção; porque de quem um homem é vencido, do mesmo é feito escravo” (2 Pe.2:19).

Infelizmente, o povo de Deus tem sido massa de manobra nas mãos desses homens inescrupulosos. O que nos consola é saber que um dia eles terão que prestar contas a Deus.

Vemos muito abuso de autoridade, em que a vida privada das pessoas é invadida, e seus direitos violados. As Escrituras estão cheias de advertências acerca dos que usam tais expedientes. Paulo adverte aos crentes de Colossos a que tivessem cuidado para que ninguém os fizesse “presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” (Col. 2:8).

Tudo começa com um alçapão estrategicamente armado. Desavisado, o pássaro avista um pouco de comida e logo se aproxima. Depois de pego é levado para uma gaiola. Seja de bambú ou de ouro, gaiola é gaiola. Pássaros foram feitos para a liberdade. Engaiolado ele até canta, mas de saudade de voar livremente.

Ninguém tem o direito de invadir a privacidade de outrem, ditando o que lhe é ou não permitido fazer. Os Colossenses estavam sendo assediados por gente dessa extirpe. E o pior é que eles usavam de artifícios espirituais, tais como visões e culto a anjos, para subjugar os crentes. Paulo adverte: “Ninguém vos prive do prêmio”! Que prêmio é este de que os crentes de Colossos estavam sendo privados? A liberdade!

A lógica paulina é imbatível: “Se estais mortos com Cristo, quanto aos rudimentos do mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo, como: não toques, não proves, não manuseies? Todas estas coisas estão fadadas ao desaparecimento pelo uso, porque são baseadas em preceitos e ensinamentos dos homens. Têm, na verdade, aparência de sabedoria, em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum contra a satisfação da carne” (Col.2:20-23). O que parecia “culto voluntário”, não passava de mais um artifício para manter as pessoas cativas e oprimidas.

Os mais duros discursos de Jesus foram dirigidos aos religiosos de Seu tempo. Jesus os desmascarava, pois atavam “fardos pesados e difíceis de suportar”, e os punham “nos ombros dos homens”, porém, eles mesmos nem com o dedo queriam movê-los. “Tudo o que fazem é a fim de serem vistos pelos homens”! Jesus não poderia ser condescendente com tamanha hipocrisia. Ele vociferou: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongadas orações. Por isso sofrereis mais rigoroso juízo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito, e depois de o terdes feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós” (Mt.23:4-5a, 14-15). Que triste ironia! Tenho a impressão de já ter visto este filme antes! Quantos deixaram a bruxaria, cansados de todas as obrigações impostas pelos espíritos? Mas ao migrarem para as igrejas evangélicas, encontram fardos semelhantes, e por vezes, mais pesados, que lhes são impostos por líderes vorazes e inflexíveis.

O Evangelho não pode ser reduzido a um monte de regras, do tipo “pode/não pode”. Isaías diz que os sacerdotes de seu tempo andavam “errados na visão”, e tropeçavam “no juízo. Todas as suas mesas estão cheias de vômitos e de imundícia, e não há nenhum lugar limpo. A quem se ensinaria o conhecimento? E a quem se daria a entender a mensagem? Ao desmamado, e ao arrancado dos seios? Porque é: Preceito sobre preceito, regra sobre regra; um pouco aqui, um pouco ali” (Is.28:8-10). Tal como os sacerdotes contemporâneos de Isaías, muitos líderes atuais têm reduzido a Palavra de Deus a um amontoado de regras desconexas, e as imposto ao povo de Deus deliberadamente.

Alguns, mais escrupulosos, apresentam tais regras como “princípios”, ignorando toda e qualquer regra hermenêutica. O Evangelho acaba sendo transmitido como uma receita de bolo. Se as pessoas fizerem tudo direitinho, hão de colher os resultados esperados.

Todo tipo de arbitrariedade é praticado, usando como pretexto a autoridade espiritual que recai sobre o líder. A doutrina que advoga a infalibilidade papal agora encontra seu par entre os herdeiros da Reforma Protestante. Quem quer que ouse questionar o líder, é chamado de rebelde, e, por isso, deve ser expurgado, excomungado, excluído do meio do rebanho.

Em alguns casos, o pastor se acha no direito de dizer com quem a pessoa deve se casar, onde deve morar, em que deve trabalhar, e etc. Não atender às ordens pastorais é insubmissão que deve ser rigorosamente punida. Quão atual é orientação que Pedro dá aos pastores:

“Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente, não por torpe ganância, mas de boa vontade; não como dominadores dos que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho”. 1 Pedro 5:2-3

Coerção, imposição, autoritarismo, são palavras que deveriam ser riscadas do dicionário eclesiástico e pastoral. O líder cristão deve desempenhar sua função através do exemplo. Em vez de mandar, ele demonstra como se faz. Em vez de se servir de seus subordinados, ele os serve. Em vez de impor, ele expõe e propõe.
 
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A única coisa que tenho à acrescentar neste texto é "Religião é uma gaiola e você é o passarinho, voe  e fuja dela enquanto tens tempo!)"

Cortes, podas e frutos

por Hermes C. Fernandes

Frutos! Muito tem sido dito acerca disso. Temos que dar frutos, vociferam os pregadores em seus cultos dominicais. Uns confundem os frutos com almas ganhas para Cristo. Outros confundem com ofertas tragas no gazofilácio. Do que se trata, afinal, tais frutos?
O fruto é o que se espera de uma árvore. Cada árvore deve produzir de acordo com sua espécie. Portanto, seus frutos denunciarão qual é sua verdadeira natureza. Jesus deixou isso muito claro:“Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Do mesmo modo, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus. Não se pode a árvore boa produzir maus frutos, nem a árvore má produzir frutos bons” (Mt.7:15-18).
Em outras palavras, não se deixe enganar pela aparência, pela voz suave, pelo jeito cativante. Verifique os frutos, não apenas a curto prazo, mas também a médio e longo prazo. Jesus também alerta sobre isso: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi, e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça (Jo.15:16a).
Portanto, não importa apenas a quantidade de frutos, mas também sua qualidade. Se o fruto dado não resiste ao tempo, é sinal de que há algo errado com a árvore.
Éramos todos ramos de uma árvore chamada Adão. Tudo o que produzíamos já vinha bichado, apodrecido pelo pecado. Paulo levanta a questão: “E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? pois o fim delas é a morte” (Rm.6:21). A seiva de que nos nutríamos estava comprometida. Mas Deus nos removeu dessa árvore e nos enxertou numa nova árvore, a saber, Jesus Cristo, a Videira Verdadeira. Esta o operação de remoção e enxerto pode ser chamada de “arrependimento”.
O que Deus espera de nós, agora? Que produzamos “frutos dignos de arrependimento” (Mt.3:8). Tais frutos apontam para o conjunto de nossa vida, e não apenas para as ofertas ou pessoas que trazemos à igreja. A maneira como tratamos nosso cônjuge, nossos filhos, colegas de trabalho, e até com os nossos inimigos, como lidamos com a possessão de bens materiais, como reagimos a uma crise, etc. Enfim, nosso comportamento vai revelar de que árvore somos ramos e de que seiva temos nos alimentado.
O apóstolo Paulo chama este conjunto de “o fruto do Espírito”. Em vez de usar a palavra grega γέννημα (gennēma), traduzido geralmente como “ frutos” (plural), ele usa καρπός (karpos), que geralmente é traduzida como “fruto” (singular). O que ele tem em mente é um cacho de uvas(lembre-se que Cristo se apresenta como a Videira). Cada uva é uma gennēma, mas o cacho inteiro é um karpos. Você nunca vai encontrar um cacho de uvas com espaços vagos. Da mesma maneira, quando somos partícipes da Videira Verdadeira, Sua seiva que é o Espírito Santo produz em nós o fruto completo: “Amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl.5:22-23).
Há uma lista parecida oferecida por Pedro (2 Pe.1:5-7), onde ele termina dizendo: “Pois se em vós houver estas coisas em abundância, não vos deixarão ociosos nem infrutíferos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo” (v.8).
Aquele que estando n’Ele não dá o fruto esperado, recebe d’Ele o trato necessário. Segundo Jesus, quem não dá fruto é cortado, pois ocupa inutilmente o espaço (Mt.21:43), enquanto quem produz é podado pra que produza ainda mais. Ninguém fica imune à tesoura do podador (Jo.15:2). O que demonstra que Deus Se importa tanto com a qualidade de nossos frutos, quanto com a quantidade de nossa produção.

"Pare de falar mal dos pastores...."


"Pare de falar mal dos pastores, o que importa é que eles estão ganhando almas para Cristo."


Por Renato Vargens

Volta e meia alguém me escreve ou comenta no meu blog que eu não devo me preocupar em denunciar os ensinos dos falsos profetas, e que o mais importante é que eles estão ganhando almas para Cristo.

Caro leitor, vamos combinar uma coisa? A Bíblia está cheia de textos que nos advertem sobre o surgimento de falsos profetas bem como da multiplicação de falsas doutrinas. Jesus mesmo disse: "Acautelai-vos dos falsos profetas" (Mt 7.15). "Levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos... operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos" (Mt 24.11,24). Cristo avisa claramente sobre um movimento de falsos sinais e maravilhas nos últimos dias, promovido pelos falsos profetas. Paulo compara esses falsos profetas a Janes e Jambres, que se opuseram a Moisés e Arão (2 Tm 3.8) com sinais e maravilhas operados pelo poder de Satanás. Pedro advertiu que assim como houve falsos profetas no tempo do Antigo Testamento, "assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão dissimuladamente heresias destruidoras..." (2 Pe 2.1). O apóstolo João declarou que já em seus dias "muitos falsos profetas têm saído pelo mundo" (1 Jo 4.1).

Isto posto, torna-se impossível fazermos o jogo do contente fingindo que absolutamente nada está acontecendo não é verdade? Por acaso seria correto observarmos uma pessoa caminhando distraidamente em direção a um precipício e ficarmos calados? Claro que não! Da mesma forma não podemos nos eximir diante das aberrações ensinadas pelos adeptos de falsas doutrinas que tem enganado milhares de pessoas em nosso país.

Como bem disse o apóstolo Paulo ao escrever a sua 1ª epístola a Timóteo, nos últimos tempos alguns homens iriam apostatar da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, bem como a doutrinas de demônios. (I Tm 4:1)

Diante deste inexorável fato o Apóstolo Paulo orienta a Timóteo a agir firmemente diante do espírito da apostasia.

“CONJURO-TE, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.” II Tm 4.1-3

Quanto a ganhar almas para Cristo, é importante ressaltar que nós crentes em Jesus não ganhamos nada! Somos no máximo servos inúteis usados por Deus para levar a Palavra do Evangelho da Salvação Eterna. Mesmo porque, quem convence o homem do pecado, do juízo e da justiça é o Espírito Santo. A salvação vem de Cristo, por Cristo e para Cristo, nada além disso!