Ainda carregamos a cruz?


 
por Alan Brizotti direto do Genizah!



"Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me". (Lc. 9.23)

Cristianismo é caminho de cruz. Não é fácil assumir a cruz, ela exige uma dimensão de espiritualidade inteiramente outra. Uma espiritualidade para espelhar Cristo. Uma espiritualidade onde a renúncia em amor é vivida em toda sua intensidade. Renúncia em amor é a motivação do espírito para abraçar uma vocação difícil. É o desejo de andar com Cristo mesmo em terrenos íngremes. É viver um "estado de cruz", onde a vida focaliza o olhar de Deus. É a arriscada alegria do cruz-ar fronteiras do ego.

Platão dizia que "é mais feliz o justo na cruz do que o injusto que navega num mar de prazeres". Infelizmente, a síndrome do hedonismo tem conspirado contra a teologia da cruz. Nessa sociedade do espetáculo toda a ideia de dor é desprezada, exorcizam-se os "ais", foge-se do sofrimento. Perde-se a capacidade de aprender com a magnífica escola da dor. Perde-se a capacidade de transformar o pranto em dança. Perde-se a capacidade de"gloriar-se na cruz" (Gl. 6.14).

Jesus nos oferece uma prática cotidiana da espiritualidade que renuncia: "Tome a cada dia a sua cruz", essa frase está impregnada de uma realidade urbana, pública, uma realidade existencial plena, não é um simbolismo frio e distante, é uma nobreza que alcança cada dia e se oferece como mira de vida, bússola, direção histórica, caminho. Em tempos de descaminhos o melhor jeito de não perder de vista a estrada da comunhão e do carisma é abraçar a cruz numa atitude de renúncia plena de amor e graça. Na era da indiferença, temos o que abraçar.

Quando abraçamos a cruz, o kerigma, a proclamação honesta do evangelho da paz nos permite reproduzir o sentimento do Cristo da cruz - altruísmo. Olhamos não mais para o nosso estado, mas para o plano maior na mente de Deus. O que passa a acontecer é uma revolução da interioridade, uma abertura para a solidariedade do abraço e um desejo sempre feliz de impactar outras vidas. A prosperidade aqui não está em ganhar, mas em perder. Abençoado paradoxo.

Blaise Pascal disse: "Conhecer a Deus e, no entanto, nada conhecer sobre o nosso próprio e desprezível estado gera orgulho; reconhecer nosso infortúnio e conhecer nada sobre Deus é mero desespero; porém, se chegarmos a conhecer a Jesus Cristo, encontramos nosso verdadeiro equilíbrio, pois ali encontramos tanto o infortúnio humano como a glória de Deus".


Ainda carregamos a cruz?

Por que os enganadores prosperam?






por Hermes Fernandes

Pronto! Resolvi botar a boca no trombone! Chega de tentar tapar o sol com a peneira. A verdade tem que ser dita, doa a quem doer.


Por que os falsos prosperam? Por que os mentirosos se gabam de suas conquistas? Onde está Deus que não faz cair um raio na cabeça desses miseráveis?

Haveria algum propósito nisso? E quanto às milhares de vítimas desses charlatões?

Que unção seria esta que atrai tanta gente? Por que Deus os permite crescer tanto? Por que temos que suportá-los enquanto se esnobam em suas aquisições?

Convido-os à uma breve incursão nas Escrituras em busca de respostas para tais questões.

Paulo diz que havia tempo em que as pessoas não suportariam a sã doutrina, mas "tendo coceira nos ouvidos", se cercariam de mestres "segundo as suas cobiças" (2 Tm.4:3).

Eis o pulo do gato desses obreiros da iniquidade! Eles dizem o que o povão quer ouvir. Por isso atraem tanta gente.

O que as pessoas querem ouvir hoje em dia? Garanto que não estão interessadas em assuntos como arrependimento, santificação, renúncia, cruz, dar a outra face, caminhar a segunda milha. Não! Elas querem é restituição, arrepio, emocionalismo barato, conquista, prosperidade.

Quem quer que diga o que elas almejam ouvir, certamente obterá sucesso em seu ministério.

E mais: querem sair dos cultos com seu ego massageado. Buscam pastores que os acaricie com bajulações, amor hipócrita, elogios.

Ninguém quer compromisso com a verdade, mas com o último modismo. Quer encher a igreja em tempo record? Fácil! Ou entra numa de fazer essas campanhas loucas, sem pé nem cabeça, ou dana a convidar cantores e bandas gospel famosos, empurrando um monte de CD para que os irmãos ajudem a pagar os altos cachês que eles cobram. E assim a famigerada indústria gospel vai sendo alimentada. Louvor e adoração são confundidos comoba-oba. E adivinha quem paga a conta?

Definitivamente, não querem a Verdade! Preferem ser enganadas (desde que seu ego sai intacto!).

Então, Deus lhes dá o que pedem! Isso mesmo que você leu.

Paulo denuncia o ministério da iniquidade, e diz que sua operação e êxito são "segundo a eficácia de Satanás". Alguém ainda duvida que Satanás seja eficaz? Tal eficácia se revela "com todo poder, e sinais e prodígios da mentira, e com todo engano da injustiça para os que perecem". Agora, redobre sua atenção: "Perecem porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. Por isso Deus lhes envia a operação do erro, para que creiam na mentira, e para que sejam julgados todos os que não creram na verdade, antes tiveram prazer na iniquidade" (2 Ts. 2:9-12).

À luz deste texto, podemos dizer que as inúmeras pessoas enganadas por tais ministérios não são apenas vítimas, mas sobretudo, cúmplices. E os falsos mestres nada mais são do que juízo de Deus sobre eles.

Acham que podem barganhar com Deus... então, tomem sacrifício, fogueira santa, encontro tremendo, monte Sinai, amuletos, e por aí vai...

Alguns são até certinhos em se tratando de doutrina, mas suas motivações são excusas, nojentas, interesseiras. Judas os denuncia, dizendo: "Estes são murmuradores, queixosos, andando segundo as suas concupiscências, cuja boca diz coisas muito arrogantes, bajulando as pessoas por motivos interesseiros" (Jd.16).

Estes se queixam de seus líderes, passando a idéia de que estão sendo perseguidos e injustiçados na denominação, para ganhar o coração dos incautos, fazendo-os sentir pena deles, e ódio de seus líderes. Esta estratégia visa preparar o caminho para uma eventual divisão. Queixam-se de uns, enquanto bajulam outros.

São inescrupulosos! Fazem negócio em cima do rebanho que lhes fora confiado. Miseráveis! Deus os destruirá!

Confesso que eu preferia que eles se vissem pregando só para os bancos. Mas a Bíblia é clara:"E muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade. Por ganância farão de vós negócio, com palavras fingidas. Para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme" (2 Pe.2:2-3).

Quantos estragos estes lobos cruéis têm feito em famílias inteiras! Querem se meter até onde não são chamados. Estes são "os que se introduzem pelas casas" (2 Tm.3:6). Casamentos têm sido destruídos por causa de seus ensinos. Filhos preferem obedecer e honrar a eles do que a seus pais.

Apelo aos apologetas de plantão que não dêem trégua a esta raça maldita. Atentem para a admoestação de Paulo: "É preciso tapar-lhes a boca, porque transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância" (Tt.1:11).

Tudo quanto fazem envolve dinheiro. Querem mais, mais e mais. Seu deus é o ventre! Não se contentam com o que têm, e acham que o sucesso ministerial se mede pela ostentação.


Ufa! Eu tinha que dizer tudo isso. Estava entalado.

O que me consola é saber que o tempo do juízo de Deus sobre eles se avizinha.

Paulo nos garante: "Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesta a sua insensatez" (2 Tm.3:9). E mais: Os enganadores "irão de mal a pior, enganando e sendo enganados"(v.13).

Até os sinais que acontecem em seus ministérios são juízo de Deus, para que sejam mantidos em seu engano. Tudo quanto estão plantando, hão de colher. Toda dor que provocaram, hão de sentir na própria pele.

E sabe por quê?

"De Deus não se zomba. Tudo o que o homem semear, isso também ceifará" (Gl.6:7).

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Como diz a música Enquanto há tempo da Contra Correnteza:
"Com Deus não se brinca, o que ele promete o fará"...
Pensem nisso ;)

A Verdade e o Amor



Renato Vargens



Nos últimos meses tenho combatido algumas práticas doutrinarias dos neopentecostais. Em virtude disto, muitas pessoas me escrevem concordando com o conteúdo dos textos, como também outras me criticando severamente pela falta de amor com que denuncio suas heresias. Para estas eu deveria me calar não expondo publicamente as mazelas neo-pentecostais, até porque, o ensinamento bíblico é que devemos amar o próximo.

Pois bem, não foi o Senhor Jesus quem disse que “O AMOR une, mas a VERDADE divide! Por favor, pare, pense e reflita: JESUS CRISTO, a expressão máxima do AMOR, é, antes de tudo, A VERDADE (João 14:6). Ele mesmo disse: “Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada”. (Mt 10:34). “Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, vos digo, mas antes dissensão”. (Lc 12:51).“Assim entre o povo havia dissensão por causa dele” [Jesus Cristo]. (Jo 7:43)

Como bem afirma Humberto Fontes ao contrário do nefasto ecumenismo (que sacrifica a VERDADE, em prol da UNIDADE, custe o que custar), a Bíblia nos diz que a UNIDADE só é possível entre os crentes que professam a VERDADE bíblica! Se isso não ocorrer, teremos uma "falsa unidade", um falso amor, uma verdadeira torre de Babel.

Como já escrevi anteriormente creio na unidade da Igreja Evangélica, porém, nem toda igreja que se diz evangélica de fato é evangélica. Recuso-me a acreditar que igrejas como a Universal do Reino de Deus que comercializa a fé, vendendo indulgências, além de criar doutrinas que afrontam as Escrituras Sagradas pode ser considerada uma agência cristã.

Caro leitor, a unidade da Igreja é bíblica, e deve ser vivida contudo, o ecumenismo gospel é repulsivo e incoerente. Infelizmente não é possível acreditarmos na unidade entre igrejas sérias com igrejas falsas, cujo ensino é ensismemado, aproveitador e antropocêntrico. Ora, os cristãos verdadeiros não negociam a fé, não comercializam Deus, não vendem produtos mágicos, não servem a Maria, nem tampouco adoram a santos. Os verdadeiros cristãos não inventam esquisitices e aberrações teológicas como decretos e determinações espirituais. Os verdadeiros cristãos são éticos, honestos em suas posturas e comprometidos com a verdade e o evangelho de Cristo. Os verdadeiros cristãos zelam pela sã doutrina e repudiam as novas teologias. Os verdadeiros cristãos não relativizaram a Palavra de Deus, antes pelo contrário, pregam e vivem as Escrituras Sagradas em todo o tempo e momento.

Vale a pena ressaltar que o Senhor ao nos desafiar a amar não o faz no desejo de que em nome do amor tapemos os olhos ao pecado bem como as heresias que destroem a comunidade da fé, mesmo porque, amar, antes de tudo, significa não abrir mão da verdade, não negociá-la, nem tampouco relativizá-la em detrimento à uma visão pessoal.

Isto posto afirmo que a verdade arranca as máscaras da religiosidade e hipocrisia, levando ao crente em Jesus a viver uma vida, santa, reta e transparente.

Nele que é a única e abslouta verdade!

Um soco no estômago de todos os cristãos!

Um resumo de 4 min da pregação, para quem não ter tempo de assistir a pregação completa:


Paul Washer é mestre em Divindade pelo Southwestern Theological Seminary. Foi missionário no Peru por 10 anos, período em que fundou a Sociedade Missionária HeartCry, com o objetivo de apoiar plantadores peruanos de igreja. O trabalho da HeartCry sustenta hoje mais de 80 missionários indígenas (missionários da própria cultura) em 15 países diferentes pela Europa Oriental, América do Sul, África, Ásia e Oriente Médio.

Além de ser um pregador itinerante, Paul também ensina freqüentemente em sua igreja local, a Primeira Igreja Batista de Muscle Shoals, e é o autor do livro “The One True God: A Biblical Study of the Doctrine of God”.

Atualmente, Paul trabalha como o diretor da Sociedade Missionária HeartCry e reside em Muscle Shoals no Alabama, com Charo, sua esposa, e com seus três filhos Ian, Evan e Rowan.


Veja a pregação Completa


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Texto por Fernando Guarany Jr. do evangelismobíblico.com.br


Uma das maiores tragédias do evangelicalismo moderno é que milhares de pessoas acreditam ser salvas quando não o são. No afã de ver resultados numéricos no seio da igreja, tem-se pregado que para receber o perdão de Deus basta fazer uma oraçãozinha e aceitá-Lo em seu coração. Desta forma, incontáveis pessoas "aceitam" o Senhor Jesus em seus corações e continuam a viver como o diabo, sem evidência nenhuma de que a redenção realmente ocorreu – e, de fato, realmente não ocorreu.


A primeira razão é muito simples: este ensinamento não pode ser encontrado em lugar nenhum das Escrituras, ou seja, não é algo bíblico. A salvação é fruto da vontade soberana de Deus de redimir o indivíduo, gerando nele o arrependimento e a fé necessários para que Ele mesmo despeje sobre o pecador a Sua graça.


Em segundo lugar, a salvação é necessariamente seguida de uma mudança nas inclinações do coração: se quando perdido a sua tendência natural era buscar a satisfação de sua carne através de toda sorte de prática pecaminosa, agora o seu coração é inclinado à bondade e a fazer a vontade de Deus. O redimido passa a amar o que Deus ama e detestar aquilo que o Senhor detesta. A questão não é ter que deixar de fazer algo por ter se tornado cristão, mas, tendo sido convertido por Deus, não ter mais prazer nenhum nas práticas que outrora lhe atraíam tanto. Esta é uma das razões para desconfiarmos de certos artistas famosos que professam o Senhor Jesus, mas continuam a desempenhar as mesmas atividades ("profissionais" e pessoais) imundas que anteriormente.


Vale ressaltar que, após ser salvo o indivíduo não se torna perfeito e fica invulnerável ao pecado. Um cristão autêntico peca sim. Seja de maneira patente e identificável a olho nu, seja sutilmente em seus pensamentos e motivações. Contudo, o pecado não se dá da mesma maneira: o perdido se atira no lamaçal do pecado e nele se deleita; o salvo cai em pecado, sofre por ter ofendido a Deus e luta contra sua pecaminosidade.


Na prática do evangelismo é muito comum encontrarmos pessoas que se declaram cristãs, mas levam uma vida totalmente destituída de Deus. Nesses casos, não podemos cair na besteira de dizer que está tudo bem e que “Deus ama a todos e tem um plano maravilhoso para sua vida.” Esse não é o momento para paz e graça, mas para confronto e lei. É o momento de glorificar a Deus confrontando o indivíduo com a verdade:


“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.”
Mateus 7:21


“Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade; mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.”
1 João 1:6-10



Nós nos reunimos, logo somos igreja. Será?




Por Antonio Carlos Barro
Qual a importância da igreja nos dias atuais?


Têm sido muitos os questionamentos sobre a eficiência e eficácia da igreja no meio da sociedade moderna. Alguns têm vaticinado que vivemos numa era pós-denominacional e que agora é a vez dos movimentos alternativos. Alguns grupos se reúnem em galpões, fazem orações, cantam musicas evangélicas, pregam a Bíblia, recolhem dízimo, promovem reuniões de curas e libertação e dizem que aquilo não é igreja.

A igreja, como nós a conhecemos, terá lugar na nova sociedade que está sendo construída? As denominações terão espaço amanhã? Qual igreja irá sobreviver no futuro: a igreja alternativa ou a igreja tradicional?

Em primeiro lugar devemos investigar o que significa igreja. Tradicionalmente a palavra igreja significa a assembléia daqueles que foram tirados de fora para dentro. Biblicamente ela é o corpo de Cristo, o povo de Deus, a noiva do Cordeiro e por vai (existem aproximadamente 96 títulos para a igreja no NT). Tudo isso é bom saber, mas não ajuda na pratica a reconhecer o que é a igreja e para que ela serve.

Outro dia eu pensava sobre uma igreja (uma igreja qualquer). Normalmente o povo daquela igreja se reúne em uma ou duas reuniões por semana (pode ser um grupo familiar e o culto). As pessoas chegam ao culto, conversam um pouco, sentam, levantam para cantar, sentam para ouvir a mensagem e levantam para tomar um cafezinho (momento de comunhão) e vão embora para casa ou para uma pizzaria onde a reunião dos crentes se prolonga por umas horas. Esse tipo de ajuntamento pode ser chamado de igreja? Creio que não.

Esse tipo de ajuntamento funciona mais como uma pastelaria onde as pessoas entram para comer um pastel e tomar uma vitamina para continuar o dia. Os membros de uma igreja vão a um ajuntamento para cantar, sentir-se bem e voltar para casa animados com alguma coisa para mais uma semana de lutas. Não é de se admirar que aos poucos as pessoas vão ficando desanimadas com a igreja até que finalmente ficam desanimadas com Deus.

Uma igreja para ser significativa aos seus membros e as pessoas que convivem com esses crentes precisa recuperar a razão de ser de sua existência. Recuperar o seu papel missionário na sociedade (pelo amor de Deus não leia ‘enviar missionarios’).

Qual é o razão de ser de uma igreja? Pensando nas lições deixadas pela Reforma podemos dizer que a razão primeira da existência da igreja é o louvor e a glória de Deus. Uma igreja adora a Deus por aquilo que Ele é e não primariamente pelo que Ele faz. Os atributos de Deus são razões mais do que suficientes para a adoração pessoal e comunitária.

Em segundo lugar uma igreja existe para fazer o bem ou praticar boas ações no mundo. Os crentes são ensinados como evangelizar usando táticas e técnicas. Faz assim, faz assado, começa assim, termina desse jeito. Tudo artificial e sem vida. Não convence ninguém e passa por tremenda chatice. O cristão precisa (re)descobrir que o seu papel no mundo é fazer o bem a todos e faze-lo em nome de Deus. O apóstolo Paulo recomenda aos crentes da Galácia que façam o bem a todos, mas especialmente aos da comunidade. Ou seja, se alguém não faz o bem nem aos da comunidade, como fará aos que são de fora?

A igreja de hoje enfatiza o seu louvor e investe tempo e energia nessa área (não sei se tem a teologia e a consciência do que faz). A outra área, a do fazer o bem, fica relegada a quando “Deus abrir as portas”. Por isso, esse mundo é assim do jeito que é e sem esperanças de qualquer transformação. Quando nós - os crentes - entendermos que fomos comprados por preço de sangue para ser o povo exclusivo de Deus para a prática das boas obras (Tito e Efésios), haverá alguma esperança para a igreja no futuro. Caso isso não aconteça, comece a orar imediatamente por sua alma.

Que tipo de revolucionário foi Jesus?



Quando se fala de revolução, pensa-se em um levante popular, rebelando-se contra autoridades constituídas, depondo governos, provocando divisões, instigando o ódio e a revolta.
E não é por menos. Basta uma rápida verificada na História para constatar isso. 
Toda revolução política teve seus mortos, desaparecidos, desapossados de suas
terras ou posições, etc.


Porém, ao falarmos de revolução, não estamos endossando tais coisas.
Na revolução proposta por Jesus, ninguém sai machucado, destruído. Aliás, a
expectativa dos discípulos era de que Jesus promovesse um levante contra Roma e
as autoridades judaicas que havia se promiscuído com o Império.


Mas Jesus propunha um tipo de revolução totalmente inversa ao que eles
esperavam. Não uma revolução armada, mas uma revolução de amor. Existiria algo
mais forte que o amor?


O Evangelho é, por si só, a mais subversiva mensagem jamais pregada.
Vejamos alguns exemplos de seu conteúdo subversivo e revolucionário.
Talvez o mais subversivo sermão pregado por Jesus tenha sido o que ficou
conhecido como Sermão da Montanha.


Enquanto o senso comum acreditava que felizes eram os ricos arrogantes, Jesus
afirma que felizes são os pobres de espírito. Se para eles felizes eram os que
gargalhavam nos banquetes dos palácios, para Jesus, felizes eram os que
choravam.


Neste sermão, o Mestre Galileu propõe uma ética totalmente inversa àquela
disseminada pelos mestres da época.

“Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo:
Não resistais ao homem mau. Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe
também a outra. E se alguém quiser demandar contigo e tirar-te a túnica
deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele
duas” (Mt.5:38-41). Ora, se isso não é subversivo, o que é, então?

 Não se trata apenas de pacifismo, mas de amor.
“Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu,
porém, vos digo: Amai a vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”
(vv.43-44).
 

Em momento algum, Jesus endossou o estilo de vida vigente à época. Seu
compromisso não era com a manutenção do Status Quo, mas com a introdução de uma
nova ordem de coisas, onde o ser humano teria mais importância do que as
instituições e tradições. Onde o sábado fora feito para o bem-estar do homem, e
não o homem para o sábado.


Ele denunciou através de Seus ensinamentos a inversão de valores predominante
naquela sociedade. Desferiu um golpe fatal no espírito consumista, colocando a
avareza como oponente de Deus.


“Ninguém pode servir a dois senhores. Ou há de odiar a um e amar o outro, ou se
devotará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas”
(v.24).


Em outras passagens, Ele demonstra que no Reino de Deus as coisas funcionam de
maneira inversa ao mundo. No Reino quem quiser ser o maior, tem que ser o menor.
Quem amar sua própria vida, acabará desperdiçando-a, mas quem se dispuser a
gastá-la por amor de Cristo, a reencontrará.


Ora, não há nome mais próprio para isso que subversão.

Infelizmente, a igreja cristã tem se promiscuído com o mundo, trocando os
valores eternos do reino pelas propostas indecorosas feitas por um sistema
apodrecido. Pastores, em busca de fama e reconhecimento, vendem-se e negociam os
votos de seu rebanho.

Cristãos ajustaram suas crenças às agendas políticas e ideológicas. A verdade
foi trocada por um prato de lentilhas, e pior, lentilhas podres.

Se antes corríamos o risco de colocarmos vinho novo em odres velhos, hoje há
muitos odres novos, estratégias, marketing, estruturas eclesiásticas para todo
gosto. Porém, o vinho está em falta. Os odres estão vazios. As igrejas estão
cheias de pessoas vazias.


Creio que assim como a Reforma só aconteceu porque a igreja redescobriu o
conteúdo subversivo das epístolas paulinas, a Revolução acontecerá quando a
igreja redescobrir o teor subversivo dos Evangelhos, principalmente do Sermão da
Montanha.


Em vez de gastarmos nosso tempo pregando invencionices humanas, retornemos à
mensagem do Reino e do Amor de Cristo. Em vez de uma nova Reforma Protestante,
necessitamos sim é de uma Revolução Reinista, isto é, centrada no Reino, e não
em estruturas denominacionais.

Revolução Já!

A reforma não acabou!




Há 492 anos o monge Martinho Lutero afixou suas 95 teses na porta do Castelo de Wittenberg, na Alemanha. Faz quase cinco séculos que homens como João Calvino, Felipe Melanchton e Zwínglio, expuseram suas vidas por causa do evangelho. Porém, aquele que diz que a reforma protestante é obra acabada, é no mínimo, insensato. É claro que não dá para negar que aconteceu no século XVI foi o começo de algo maravilhoso, um despertar para doutrinas inegociáveis, verdades inalienáveis, uma revolução iniciada pelo Espírito que imbuiu os homens de coragem, mas convenhamos: foi apenas um começo.

A história humana atesta que os protestantes, que tanto se opuseram à violência física e teológica do clero católico, também usaram desta violência para manter a ordem religiosa e pia da Genebra calvinista. Em menor grau, é verdade, mas eles também fizeram. Vemos, portanto, que apesar de todo esforço e zelo, muitos destes protestantes ainda eram católicos em suas atitudes. A censura que fazemos aos evangélicos contemporâneos pode, em maior ou menor grau, ser aplicada também aos filhos da reforma: eles eram “protestantes de alma católica”. Sobejou-lhes ortodoxia e zelo; faltou-lhes, muitas vezes, o conhecimento menos teórico da Graça e do amor de Deus.

Caio Fábio, criticado por uns como louco e herege, reverenciado por outros como revolucionário, escreveu recentemente um artigo no qual apresenta 15 teses para a igreja contemporânea. Grosso modo, creio que ele foi feliz em suas colocações. Assim como ele, também creio que a reforma (ou regeneração, como ele chama) não é apenas um marco na história, e sim um ato contínuo, um trabalhar constante de Deus na alma humana. Reforma é a interação de Deus na história; aliás, penso que ela transcende a própria história: Reforma é heilsgeschichte, como diria Oscar Cullman. Reforma é movimento, é vida! Ecclesia reformata et sempre reformanda est...

O cristianismo tem perdido a identidade. Cada vez mais ele se transforma numa coisa amorfa, uma estrutura alienígena (e alienante), um credo simbiótico e sincrético que tudo mistura e a todos confunde. Ele é como um trem desgovernado, e cabe a nós assumirmos a “máquina” e trazê-la de volta aos trilhos.

O cristianismo precisa ser regenerado. Como movimento organizado, ele já morreu; portanto, precisa ser ressuscitado. Como organismo, no entanto, ele ainda existe em algumas igrejas locais, bem como no coração daqueles que abraçam uma fé pura, sem barganhas, sem xamanismo, sem negociatas com o todo poderoso.

Já é tempo de que se levantem, na esfera virtual e no mundo real, homens e mulheres que levem a sério a vocação eterna e soberana que receberam de Deus e se voltem para Ele e sua Palavra, confrontando por meio dela, toda religiosidade apócrifa contemporânea.

E
u aceito esse desafio. E você?... !Viva la Revolución!



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Autor: Leonardo Gonçalves, editor do Púlpito Cristão